quinta-feira, 4 de março de 2010

Mia


Sempre gostei de escrever... escrevia muito e sobre os mais variados assuntos... na minha cabeça. Eu achava que ter um blog era uma exposição a mais e desnecessária. Odeio me sentir exposta. Já bastava os sites existentes que eu já tinha. Mas eu queria escrever e queria que algumas pessoas lessem. Sobre o quê? Não sei. Mas como preciso de um assunto vou começar por um recente e me tocou de uma maneira que nem imaginava.
Todos os domingos, me levanto e solto minhas cachorras 2, Mia e Valentina (essa já vive na rua) enquanto ponho ração e troco a água. Pego a coleira da Mia, a Valentina sai sem porque já vive na rua e vamos passear em uma pracinha perto de casa. Esse ato durante é inviável, visto que moro perto de uma delegacia (que delícia) Ciretran, etc,etc. e a rua durante a semana é um caos.
Entrei em casa para pegar as chaves e trancar o portão e procuro pela Mia. Já avistei a Valentina, porque ela vive na rua e sabe se virar. A Valentina eu ganhei de minha irmã que achou que com a morte de meu marido e 3 filhos para cuidar e acalentar eu estava precisando de uma cachorrinha.
Bom, a Mia também foi adotada, chegou em casa pequena com alguns meses de vida.. muito linda com seu pelo negro com manchas brancas e algumas manchas marrons na boca e patas. Cores todas sincronizadas pelo seu corpo esguio, ela é grande e alta, puxou a nossa família.
Procuro nas esquinas, pois sei que como ela não é a Valentina, que vive na rua e não sabe se virar, o coração já começa a apertar, ela está acostumada a sair e me esperar. É quase como um ritual domingueiro.
Espero, espero, me desespero e nada da Mia aparecer. Vcs devem se perguntar o porquê deste nome, correto? Bom, o nome é uma homenagem a Mia, uma das cantoras do conjunto mexicano RBD, a loirinha mais engraçadinha da turma.
Voltando ao dia fatídico do sumiço... Tinha combinado de ir almoçar com minha mãe e deixei o portão de casa aberto, na esperança de que a sumida logo aparecesse. Imaginei que ela sentiria fome, sede e não tardaria a voltar – parece trecho de um hino.
Voltei naquela noite e a casinha continuava vazia. Pronto, aquilo acabou comigo. Não sou uma pessoa que chora com facilidade, sou muito prática e já passo para o problema seguinte, apesar de estar com o coração sangrando.
Na segunda-feira nem saí de casa na esperança que ela voltaria. Andei por ruas que nunca tinha andado no meu bairro. Vi cada coisa. Na terça, me levantei ás 5hs, horário que adoro acordar, pois posso aproveitar mais o meu dia e gosto de vê-lo clareando. Troquei a água e coloquei ração para a Valentina, que vive na rua, mas á noite aparece para dormir e filar a bóia, já que nem cachorro é de ferro. Nada da Mia. Achei que ela estivesse encontrado o cachorro da vida dela e que resolveu ser feliz, minha bondosa mãe me disse que ela já poderia ter sido atropelada.. Surtei e me senti muito mal, pois ela não é minha filha, mas está sob a minha proteção e cuidados e eu sentia que tivesse falhado com ela. Ao me sentar para tomar meu café da manhã, escuto um barulho no portão. Imaginei que fosse a Valentina, que adora a rua, saindo para passar mais um dia fora. Mas fui olhar do mesmo jeito e eis que tchã...tchã...tchã... Lá estava a minha companheira velha de guerra, louca pra entrar... Ela pulou, me lambeu, levantou minha saia (os pedreiros da obra em frente a minha casa, que já haviam chegado para trabalhar, adoraram). Vi que ela estava magra, apesar de só terem se passado 2 dias.. Mas como ela estava feliz em me ver.. e vice-versa. Dei-lhe uma super mega banho, passei perfume e me sentei na cadeira de balanço que era do meu finado marido e ela colocou a cabeça na minha perna e me olhou como que pedindo desculpas. Vcs se apaixonariam por aquele olhar. Tenho ele registrado pra sempre... na minha memória. As crianças acordaram e fizeram a maior festa com ela..
E o mais engraçado é que a Valentina, que vive na rua, retornou, parecendo sentir a presença da sua amiguinha de cela, digo, de casa, e lá se vão as duas a se morderem.. parece que a Mia vai arrancar a cabeça da Valentina numa bocada só. Ai, ás vezes dói em mim.

Moral da história???

Deus ouve todas as nossas súplicas! TODAS!

Bj e volto no meu próximo intervalo, Deus sabe lá quando...

2 comentários: