quinta-feira, 4 de março de 2010

Mais algumas coisas


Com a Mia em casa, tenho que explicar sobre a morte de meu marido, pois lendo o que escrevi, parece que a cadeira continua balançando sozinha.
Ele teve uma doença “cruel” chamada DPOC que o levou em menos de 4 anos. Foram dias e noites muito longas e sofridas. Muito choro, muita solidão e sensação de perda, de fracasso. Mas no final, quando recebi a informação que ele teria somente 01 ano de vida, decidi que contornaria essa situação e que ele logo voltaria a ser o Vanorzinho de antes (que me deixava sózinha com as crianças e ia para o seu jogo de pôquer). Cada um tem um vício, ainda não descobri o meu – deve ser ler e escrever.
Eu não sabia onde começava a minha vida e acabava a dele. Minha cabeça, meu coração e sentimentos estavam confusos. Eu sabia que tinha que ir, só não sabia para onde. É muito difícil vc ter uma pessoa bem de saúde do seu lado e alguns dias depois ela começar a ter sintomas de que tudo no seu corpo estava errado. E aí vc começa a entrar em um processo de “cura” ( e pq não aproveitar, em vários aspectos) , só que não dependia de mim, nem dos médicos. Tive que ser coadjuvante nesta história, e isso é triste.
Meu casamento não foi o que eu queria, mas foi. Teve lindos momentos, como péssimos tb.Teve muito sorriso, mas muito choro. Muito respeito e no minuto seguinte , nenhum.
Acho que todos os relacionamentos são assim, alguns mais, alguns menos. Mas no final todos querem ser felizes, ou mesmo fazer outros felizes.
As coisas mudam de figura quando se tem 3 pessoas pequenas envolvidas. Eu não sabia quem acudir primeiro, na maioria das vezes era meu marido – difícil alguém viver sem ar, né? E isso trouxe algumas conseqüências que me entristecem muitos. Um pai que não conseguia brincar com o filho pequeno, que se distanciou das nossas filhas, como um elefante que quer morrer sozinho. Mas hoje eu sei que tínhamos que passar por tudo aquilo. Que a doença foi uma conseqüência de uma vida sem cuidados. Que eu tinha que cuidar dele, que Deus me ajudou nesta caminhada, sozinha não teria conseguido.
Hoje eu sei que sou forte e olhando tudo que passei, sei que obstáculos existem, mas aprendi tanto que nenhum deles é intransponível, é óbvio que vc no meio do furacão não consegue ter esta visão.
Hoje sei que preciso estar forte como estou, confiante como estou e pronta para o que der e vier. E como diz uma empresa de computadores: Apaixonada pelo futuro. Que ele venha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário